8 de dez. de 2009

Notícias | Uma dieta incomum: seis cookies por dia

Por ABBY ELLIN
Cookies? Para quem está de regime? Parece que é isso mesmo.
Pergunte a Christina Kane, que já tentou inúmeros programas de perda de peso, sem sucesso. Então ela ouviu falar do "Dr. Siegal's Cookie Diet", regime no qual se comem seis cookies pré-embalados por dia, além de uma refeição "real" -por exemplo, frango sem pele e verduras cozidas no vapor.
"Pensei: 'Esse regime parece tão incrivelmente fácil'", contou Kane, 43, secretária jurídica que começou a pagar US$ 56 por semana pelos cookies prontos em junho, quando pesava 115 quilos. Três meses depois, ela estava 18 quilos mais leve. "Se você consegue aguentar a primeira semana, o resto fica fácil", disse ela.
Kane é uma de estimadas 500 mil pessoas que já perderam peso com a dieta de Sanford Siegal -segundo o próprio Siegal, pelo menos.
A ideia básica é simples: coma cookies e perca até 4,5 quilos por mês. Ou, falando mais diretamente: consuma uma substância cujos ingredientes e valor nutritivo são vagos e perca peso. Afinal, como não fazê-lo quando você estará consumindo apenas entre 800 e mil calorias por dia?
A dieta de Siegal não é nova; ela foi criada em 1975, mas durante anos esteve disponível só para os pacientes de seu consultório em Miami e os de outros consultórios aos quais ele fornecia os cookies.
Essa situação mudou em 2006, quando Siegal fundou a CookieDiet.com. Neste ano, ele começou a vender seus cookies em lojas e prevê que sua receita em 2009 chegue a US$18 milhões, contra US$ 12 milhões em 2008.
Na realidade, o negócio do regime à base de cookies já virou tão lucrativo que surgiram outras empresas que fazem o mesmo: a Smart for Life (seis cookies de 105 calorias por dia; um kit para 35 dias); The Hollywood Cookie Diet (um cookie de 150 calorias três a quatro vezes por dia, mais um jantar leve), e a Soypal Cookies, promovida como "a dieta mais popular do Japão" (os cookies têm cerca de 22 calorias cada um).
Mas críticos desses regimes afirmam que planos de perda de peso que envolvem uma dieta de menos de mil calorias diárias não conduzem ao emagrecimento duradouro e podem resultar em deficiência de potássio, cálculos biliares, palpitações cardíacas, enfraquecimento da função renal e tontura.
A dieta à base de cookies preocupa especialmente os ativistas do combate aos transtornos alimentares, que há muito tempo criticam os regimes da moda. "De modo geral, as dietas da moda desinformam o público e alimentam a curiosidade contínua com relação a essa mentalidade de viver em dieta, que sabemos que não nos leva a lugar algum", disse Ovidio Bermudez, diretor médico do Programa Laureado de Transtornos Alimentares, de Oklahoma (EUA).
A dieta à base de cookies vem ganhando força apesar das críticas. Richard Kayne, executivo-chefe de operações da Smart for Life, disse que prevê até US$ 95 milhões de receita bruta neste ano. A cifra do ano passado foi de cerca de US$ 30 milhões.
Siegal diz que seu produto é seguro em termos nutricionais, mas, apenas a título de garantia, cada pacote semanal de cookies é acompanhado de multivitaminas suficientes para sete dias. E Siegal recomenda que os pacientes consultem seus médicos antes de iniciar o programa.
Alguns nutricionistas acham que esse programa não deve ser iniciado, e ponto final. "Em última análise, o fato é que não é possível suprir nossas necessidades nutricionais com seis cookies e uma refeição por dia", disse Keri Gans, nutricionista registrada de Nova York. "Isso não é possível."

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