3 de ago. de 2010

Só exercício não controla pressão alta, diz estudo da USP

A sugestão do ministro da Saúde José Gomes Temporão, que em abril recomendou sexo no combate à hipertensão arterial, reforçou a já comprovada tese de que a prática de exercícios físicos é uma aliada contra a pressão alta.

Porém, um estudo da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP, revelou que o exercício físico não tem plena eficácia contra a hipertensão se não for acompanhado da perda de peso.

A pesquisa envolveu o acompanhamento de um grupo de 48 mulheres com IMC (Índice de Massa Corporal) normal, com sobrepeso e com obesidade durante 16 meses. Elas passaram por exercícios físicos.

O observado ao final do estudo é que só conseguiram reduzir o índice de hipertensão as mulheres que também registraram perda de peso.

Não houve acompanhamento nutricional das pacientes avaliadas. "Nós queríamos avaliar os efeitos só do exercício sem interferir na rotina alimentar. E o exercício só reduziu [a pressão] nas mulheres que tiveram redução do peso também", disse o professor Hugo Celso Dutra de Souza, do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação.

Funcionária do campus da USP de Ribeirão, a auxiliar de biotério Lourdes Silva Castania, 59, foi uma das acompanhadas no estudo. Ela controla a pressão arterial com medicamentos há dez anos e já registrou picos de pressão alta de 18 por 11 --acima do patamar de 12 por 8 já existe hipertensão.

Durante o estudo, Lourdes perdeu 4 dos 71 quilos -ela tem 1,50 m de altura. O resultado, segundo diz, foi que sua pressão se estabilizou em 12 por 8 na época. "Eu até reduzi o remédio para controle da pressão de três para duas vezes ao dia."

A fisioterapeuta Thaísa Helena Roselli Di Sacco, uma das pesquisadoras e cujo trabalho resultou em uma dissertação de mestrado, disse que o estudo comprovou a eficácia tanto da prática de exercícios quanto da perda de peso, mas que só os fatores combinados são ideais no controle da hipertensão.

Obesidade

A pesquisa também abriu novas possibilidades para o estudo das causas da obesidade, que pode estar ligada a uma disfunção do chamado sistema nervoso autônomo, cujo principal objetivo no corpo humano é o de manter as funções de órgãos e sistemas em níveis adequados.

O sistema autônomo regula, de forma involuntária, todo o conjunto cardiovascular por meio de dois componentes: o simpático, que é responsável por aumentar a frequência cardíaca quando há necessidade, e o sistema parassimpático (ou vago), que tem efeito inverso.

O estudo constatou um padrão entre as mulheres com sobrepeso ou obesas: elas tinham alterações no sistema.

Isso abriu uma nova investigação, em busca de comprovar se a obesidade foi a responsável por essa alteração ou, do contrário, se o aumento de peso foi causado por uma disfunção que já existia no sistema autônomo.

"É a obesidade que promove um desequilíbrio autonômico, ou será que as mulheres com esse desequilíbrio têm maior propensão à obesidade? É isso que vai ser investigado agora", disse Souza.

Se comprovada a tese de que a disfunção pode ter causado a obesidade, segundo o professor, isso, no futuro, poderá ajudar na detecção precoce de crianças com propensão ao excesso de peso.

LEANDRO MARTINS da Folha Ribeirão

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